"A discriminação das mulheres pela Igreja oficial constitui um escândalo e um pecado. De facto, é contra os direitos humanos e a vontade de Jesus"
"O próprio Papa Francisco tem impedido colocar a questão, argumentando que 'o sacerdócio é reservado aos varões'… Jesus é homem, mas, como faz notar Marta Zubía, o que o Evangelho quer dizer é que o Verbo se humanizou, não que se varonizou"
"Foi com a interpretação da Eucaristia como sacrifício, e não como uma celebração, que surgiram os sacerdotes, com uma ordenação sacra, o que levou, contra a vontade de Jesus que disse: 'sois todos irmãos'"
"Como mostro no meu mais recente livro 'O Mundo e a Igreja. Que Futuro?', a Igreja sempre teve carismas, funções, ministérios..., mas nem Jesus nem os Apóstolos ordenaram sacerdotes. Ela precisa de uma profundíssima reforma, e a não discriminação das mulheres é essencial"
"É sabido quanto o Papa Francisco se tem empenhado na renovação da Igreja, também no sentido de colocar mulheres em altos cargos de governo na Cúria"
"Pela primeira vez na história do Vaticano uma mulher foi nomeada Prefeita (Ministra) do Dicastério (Ministério) para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica; Irmã Simona Brambilla"
"No Documento Final do Sínodo sobre a sinodalidade, aprovado pelo Papa Francisco em Outubro de 2024, no número 60, pode ler-se um belo texto sobre o lugar das mulheres na Igreja, Povo de Deus. nele você pode ler: 'Não há razões que impeçam as mulheres de assumir funções de liderança na Igreja'"
"Aqui chegados, permanece a pergunta de sempre: porque é que a questão do acesso das mulheres ao ministério do diaconado fica apenas em aberto?, mas sobretudo: porque é que a questão do acesso das mulheres ao chamado ministério sacerdotal não teve sequer possibilidade de ser colocada?"
"É à luz da Páscoa que se compreendem as narrativas do Natal. De facto, no início, os cristãos não se interessaram pelo nascimento de Jesus, pois o essencial era a vida, a morte e a ressurreição"
"Então, como apareceu a festa do Natal? Quando nasceu Jesus? Nasceu em Belém? E a mensagem do Natal?"
"Na noite de passagem de ano É um pouco como se, retomando agora de modo secularizado os mitos cosmogónicos, se instalasse o caos primitivo, para, em seguida, como fizeram os deuses in illo tempore, ser reposta a ordem do cosmos"
"Que é que nos reserva o novo ano: para mim, para a minha família, para os meus amigos, para o país, para a Europa, para o mundo? Será melhor, será pior que o ano que passou? É preciso pensar, pois a perplexidade é gigantesca"
"O ser humano é um ser constitutivamente esperante, apesar da dureza toda com que a vida nos vai confrontando… Donde é que vem a força da revolta, da rebelião?"
"O Homem teve, a dada altura, “a força religiosa, moral e poética, de conceber o modelo de Cristo, do amor universal, do perdão aos inimigos, da vida oferecida em holocausto pela salvação dos outros"
José I. González Faus tenha razão: “O que se celebra hoje no Ocidente a cada 25 de Dezembro é o nascimento do messias Consumo, filho único do deus Dinheiro"
"Seria uma perda incomensurável ignorar ou esquecer que o Natal está vinculado ao nascimento de Jesus. Ele representa na História a maior revolução, como reconheceram grandes pensadores como Hegel, Ernst Bloch, Jürgen Habermas..."
"Embora se não excluam traços maternos em Deus, a Bíblia chama a Deus Pai e não Mãe"
"É claro que Deus não é sexuado; portanto, chamar-lhe Pai é uma metáfora. Assim, tanto poderíamos dirigir-nos a ele como a ela, isto é, tanto poderemos chamar-lhe Pai como Mãe"
"Constitui, pois, uma amarga desilusão que o Sínodo que terminou em Outubro com a aprovação do Papa mantenha as portas fechadas à possibilidade da ordenação das mulheres"
Foi pelo pecado de Adão que veio todo o mal ao mundo, incluindo a morte. Esse pecado tornou a humanidade toda "massa condenada" ao inferno, do qual só alguns são libertados pela graça imerecida de Deus
É claro que, como já aqui expliquei, não há pecado original como o entendeu Santo Agostinho. Jesus não falou no pecado original, e que mãe acredita que o seu bebé acabado de nascer foi gerado em pecado?
No fundo, o que se celebra é a “santa esperança”, como dizia Péguy, a esperança de que a paz, a justiça, a fraternidade, a salvação, a vida eterna, um dia irrompam no mundo para todos
"É preciso ver o invisível e vê-lo precisamente no visível. É necessário voltar à terra e ver aí e daí os sinais que Deus nos faz"
"Mas não basta aprender a ver. É necessário igualmente saber ouvir … É ouvindo-nos mutuamente que tomamos consciência da nossa igualdade radical enquanto seres humanos"
"Onde é que estaria a democracia, se os governantes não escutassem os outros cidadãos? … Se tivéssemos tempo para nos sentarmos e meditar e escutar o silêncio e a voz da consciência, teríamos evitado tantos erros e disparates e tragédias!"
"E se um dia nos dispuséssemos também a ouvir o Divino, que permanentemente se nos dirige?"
"Apesar de a morte hoje se ter tornado tabu, muitos nestes dias passaram pelos cemitérios. E a pergunta é: Que foram lá fazer?"
"Quando alguém está concentrado num cemitério perante a campa de um familiar, de um amigo, está a olhar para onde?, e o que é que vê realmente?"
"A morte é o mistério pura e simplesmente... Ninguém sabe o que é estar morto"
"Afinal, para onde foram os mortos? Não será que, como acontece nas guerras, andam perdidos, mas um dia havemos de encontrá-los e encontrar-nos? Para onde vão os mortos? Para o nada?"
"O que é que aconteceu para que o bebé, que começa por parecer um "embrulhinho" (perdoe-se a expressão terna), inicie um processo de dizer-se, que vai do neutro - o menino, a menina, o Kico, a Rita... - até ao soberano eu, donde tudo parece partir para tudo dominar?"
"Precisamente aí - no eu irredutível - posso encontrar-me com o mistério do Deus criador"
O que diz alguém, quando diz 'eu'? Afirma-se a si mesmo como sujeito, autor das suas acções conscientes, centro pessoal responsável por elas, alguém referido a si mesmo, na abertura e em contraposição a tudo
Há filósofos que se referem à ilusão do eu… Está a ver a consciência? O que é ela senão um fluxo permanente de pensamentos fugazes, de vivências?
Neste domínio, nestes tempos de debates fundamentais à volta da Inteligência Artificial, a questão decisiva é se algum dia teremos uma explicação científica da consciência
"No ser humano, há a pulsão e o lógico, o afecto e o pensamento, a emoção e o cálculo, o impulso e a razão"
"Por outro lado, porque o ser humano não é redutível à lógica computacional, é capaz de criações artísticas divinas, do amor gratuito, do luxo generoso, da música"
"A bondade sem a inteligência não abre caminhos novos e pode até causar imensos estragos; a inteligência sem a bondade pode tornar-se cruel e fazer um sem-número de vítimas. Como está à vista"
"Se a vida espiritual se identificasse com processos físicos e químicos, então seriam eles a decidir as minhas acções, de tal modo que se deveria concluir que não sou responsável pelo que faço"
"Característica constitutiva do ser humano no processo de realizar-se é a esperança"
"É claro que, na concepção do Homem segundo Laín, torna-se mais enigmática a imortalidade pessoal, pois a estrutura pessoal humana não pode sobreviver naturalmente à desagregação das subestruturas nela incorporadas"
A antropologia, o estudo do Homem, é uma tarefa sem fim. De facto, o ser humano não pode definir-se de uma vez por todas
"Nem sequer há definição possível, pois ele é uma abertura ilimitada: por mais que diga de si nunca se diz plena e adequadamente"
"A pergunta pelo Homem convoca todas as disciplinas…"
"O meu ilustre amigo, Juan Masiá, professor na Universidade Sophia, em Tóquio, apresentou a questão numa bela síntese. Pode-se tentar uma Antropologia Filosófica partindo de algumas afirmações de base. Assim"
"De qualquer modo, a humanidade sempre teve consciência de si, sabendo que mergulhava em abismos, onde mora o recôndito, o tenebroso e o incontrolável"
Como se não cansava de repetir o filósofo Julián Marías, "o filho que diz eu é irredutível ao seu pai, à sua mãe, a Deus e a toda a realidade, seja ela qual for."
No meio de todas as humilhações, ao ser humano reflexivo impor-se-á sempre a subjectividade própria, pois a ciência objectiva só existe para e a partir do sujeito